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sábado, 12 de março de 2011

SOBREVIVENTE...


Hoje faz exatamente uma semana desde que começou a cair fogo dos céus. Mesmo depois, não consigo acreditar no que realmente aconteceu. Era manhã de quarta feira. Eu estava saindo para o trabalho, estava em um ônibus quando começou, pelo menos aqui. Um clarão forte no céu que mesmo com o sol, foi possível perceber e voltar nossos olhos para ele. Eles entraram em nossa atmosfera fazendo com que fogo caísse sobre a terra. De todos os tamanhos e tipos. Muitos pensaram ser algum avião desgovernado, ou um ataque terrorista no Rio de janeiro. No Brasil, mas não era.
                O trânsito parou. As pessoas foram atraídas para aquelas coisas caindo. Alguns iam em suas direções pensando se tratar de uma queda e poder ajudar, mas antes que pudéssemos saber o que eram, eles atacaram. Explosões, fogo e muitas formas de matar. Onde eu estava pude ver todo um viaduto ser arremessado, e carros, caminhões, pessoas serem lançadas no ar. Eram naves. Naves como em nenhum filme ou livro puderam descrever. Sua forma modificava a cada movimento, e suas armas pareciam saber onde as pessoas estavam. Não sabemos ao certo o que os motivou, e do jeito que as coisas estão caminhando, é possível que morremos sem saber o porque disso tudo. Eles desceram dos céus e nos atacaram. Sem nos dar uma chance de se defender.
                Eu tentei voltar para casa, para as pessoas que eu amo, mas fui impedido. Em meio a fogo e explosões fiquei preso próximo a Linha Amarela. Com o passar do tempo pude perceber que estavam atacando os prédios e aglomerados de pessoas, não importando onde estivessem, pareciam saber. Então fiquei escondido nos destroços do viaduto até não poder mais os ver nos céus. Foram horas para isso acontecer, pois quando parecia que havia acabado, um helicóptero desavisado e mal preparado era atingido pelas naves que atravessavam como se fosse papel. Corpos, choros distantes era ouvido, mas não achei seguro tentar sair de onde estava, e com o passar das longas horas, escureceu. Os choros cessaram. Só havia agora os corpos. Nunca ficou tão escuro como naquela noite. Nem quando faltava luz no meu bairro trazia tantas trevas. Eu podia ver somente os incêndios em cima dos escombros de casas, prédios e carros. E quando não consegui ouvir som dos céus sai de onde estava. Caminhei com cuidado e muito medo. Não estava ferido, mas estava desesperado. Tinha cuidado para não pisar em corpos ou ser visto. E quando já chegava o sol, no fim da madrugada, encontrei um pequeno grupo de pessoas. Eles estavam tão desesperados quanto eu, mas também haviam percebido que fugir dos lugares grandes e cheios era o melhor a se fazer.
                Éramos agora umas vinte pessoas. Quase em sua maioria mulheres e crianças. Os poucos homens eram policiais ainda vestidos, jovens e pais de família. Carregavam armas, mas parecia ainda não ter tido oportunidade de usá-las. Ficamos por um tempo em lugares destruídos e sem chamar a atenção. Os satélites ainda estavam funcionando, então era possível usar os celulares. As informações foram chegando pouco a pouco. Não era somente no Rio de Janeiro, mas em outros países também. Ainda estavam lutando em muitas partes, mas não sabíamos sobre vitórias do nosso lado. Pelo que ouvimos, os ataques já não se limitavam nos céus, eles agora estavam em terra, com veículos grandes e destrutíveis. A cada novidade dada pelos estranhos no celular deixavam a todos desesperados. Alguns não sabiam se rezavam, oravam, ou se acreditavam em Deus. Aquilo nunca foi descrito em nenhuma religião. Para mim, ataques, destruições mirabolantes estavam nos filmes que adorava assistir, mas nunca havia pensado que veria aquelas cenas de verdade. Mas agora estava sem rumo.
                O grupo sofreu uma baixa terrível no segundo dia. Duas crianças e três homens foram mortos por eles. O choro de uma das crianças, que era recém nascida os alertou para nós. Foi uma correria com muitas explosões. Nos separamos, foi aí que eles foram mortos. Depois percebemos o quanto era necessário o silêncio. Pareceu que alguns agradeceram por termos perdido o recém nascido pelos seus choros. Foi terrível, mas as vezes me pego concordando com eles.  

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